UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Sonhando


Faço poemas
como criança que chora
como navio que se despede
como pássaro alvejado.

Faço poemas

na paisagem das horas
ao entardecer dos sonhos.

Faço poemas

sem desencanto
como uma vela morrendo
ou como um louco
desenhando painéis
de falsas caricaturas.

Faço poemas crianças

razão de um viver
sabor de fruto
amargo ou doce.

Faço poemas

como um maestro
iludindo-me
de todas as melodias.

Faço poemas.


(Autora:
Alvina Nunes Tzovenos)

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