UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 19 de agosto de 2012

Transformação



Na manhã da vida avistei 
a última ferida ainda aberta...
e na espera incerta de um outro
 movimento me dei por vencido. 
Distante de mim ignorei o meu fim 
e bradei por clemência. 
E minha inocência de homem comum
 que me cegou por dias...
enfim, me levou por roças...
me entregou ao tempo.
 De espírito refeito me dei 
o direito ao caminho reto. 
Distante da falha...
na casa de palha, 
me dei por completo. 

(Autor: Anderson Julio Lobone)

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