Não precisa ser
homem: basta ser humano,
basta ter sentimentos, basta ter coração.
Precisa
saber falar e calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia, da madrugada,
de pássaros, de cães, de sol, da lua,
ou então sentir falta de não ter
esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar
a dor que os passantes levam consigo.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira
mão,
nem é imprescindível que seja de segunda.
Pode ter sido enganado, pois,
todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja puro,
nem que seja de
todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de perdê-lo
e,
no caso de assim não ser, deve sentir
o grande vácuo que isso deixa.
Tem
que ter ressonâncias humanas,
seu principal objetivo deve ser o de amigo.
Deve sentir pena das pessoas tristes
Deve sentir pena das pessoas tristes
e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos,
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos,
que se comova quando chamado
de amigo.
Que saiba conversar de coisas simples,
de orvalhos, de grandes chuvas
e das recordações da infância.
Precisa-se de um amigo para não enlouquecer,
Precisa-se de um amigo para não enlouquecer,
para contar o que se viu de belo
e triste durante o dia,
dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver,
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver,
não porque a vida é
bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar.
Para não se viver debruçado
no passado
em busca de memórias perdidas.
Que bata em nossos ombros, sorrindo
ou chorando,
mas que nos chame de amigo,
para ter-se a consciência de que
ainda se vive.
(Autor: Vinícius de Moraes - Psicografado por Francisco Cândido Xavier)
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