UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 20 de maio de 2012

Saudade



Saudade é doce contato
Da ausência de quem queremos
Saudade é presença ausente
De alguém que queremos junto.
Saudade é querer sempre com alguém estar

Saudade é verdadeiramente
Um vazio que teima em ficar.
Saudade é um doce ácido
Que dói, uma dor extremada.
Saudade é sentar-se à sombra, triste
E ficar aguardando a amada.
Saudade é sentir com a alma
O coração que faz falta sentir
Saudade é querer ficar na calma,
Mesmo precisando ir.
Saudade é lembrança de alguém distante
Saudade é querê-la perto
Sabendo que a ausência é constante.
Saudade é sentir sua falta
Quando não estás aqui comigo
Saudade é olhar em seus olhos
Com o sentir maior do que amigo.
Saudade é procurar suas palavras
Gravadas em algum papel
Saudade é sentir felicidade
Mesmo provando do fel.
Saudade é saudade
Que, doce mesmo não é
Saudade é saber viver
Trazendo no coração a fé.

(Autor: Mário Teixeira)

Nenhum comentário: