UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Amor que pende e quebra



Amor que pende e quebra,
força que forças derruba
muito inteira,
e ao mesmo temor espanta
e ao mais livre cativa
sem que queira,
a ti, muito desconhecida,
tão cruelmente cativa
pois que sabe
que a minha própria vida
que em tal dor sempre vive
não se acabe.

(Autor: Rei Juan II de Castilla - Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

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