UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 20 de maio de 2012

Vou ser



Vou ser para ti como o vento,
como uma doce viração,
irei refrescar tua alma,
acariciar teus cabelos com calma,
fazer abrigo no teu coração.
 
Vou ser para ti como a chuva,
Que cansada de tanta espera,
salta de sobre as nuvens,
mas renasce, novamente ressurge
nas flores que crescem na terra.

Vou ser para ti como um lago
ou como as águas do rio,
que entre milhões de afagos,
falece em meio ao teus braços
banhando teu corpo macio...

Vou ser como a ave do céu,
que entoa uma triste cantata,
ou serei milhares de pássaros
unidos em um único brado
erguendo a ti serenatas...

Vou ser uma flor solitária
que nasce sem ninguém notar,
que querendo ornar  teus cabelos
se joga em meio ao ribeiro
sonhando em poder te encontrar.

Vou ser um peixe vadio,
que vagueia nas águas do mundo,
que sem poder ver teu sorriso,
fica louco, perde o siso
e aos deuses ergue insultos...

Vou ser um poeta triste,
Um simples e humilde bardo
que fazendo poesias ao vento
espera com afinco o momento
em que vou estar ao teu lado.
   
(Autor: Alexandre Rogério da Silva)

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