UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Crepúsculo



O sol se põe vagarosamente,
deixando no céu riscos avermelhados
que se refletem nas águas calmas do rio,
ofuscando a vista com seu brilho.
Os pássaros, em louca revoada, se despedem do dia
e procuram seus ninhos no topo das árvores,
entre as folhagens espessas.
Paira uma tranqüila sintonia,
cuja quietude é quebrada apenas pela a algazarra 
de crianças que ainda brincam na rua,
aproveitando os últimos vestígios de claridade.
Até mesmo a alma inquieta e sufocada,
sente-se presa dessa magia fugaz
e o espírito,
 envolvido pelo cenário paradisíaco,
se deixa quedar,
silenciando suas dores e sua solidão.
E por um breve momento
consegue ficar em paz consigo mesmo.

(Autora: Rose Mori) 

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