UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Plenitude



Converso contigo,
mesmo no silêncio absoluto.
E à distância,  percebo teus anseios,
que chegam involuntários,
clamando aos meus ouvidos.

Faço do teu nada, a razão da minha vida!
Sinto tuas dores, que também são minhas.
Compreendo tuas mágoas,
em cada olhar trocado.

Rejubilo-me e canto com todas tuas glórias
E sinto-me morrer em cada instante,
que o desalento, vem rondar tua alma.

Caminho contigo por todas as noites.
Mergulho em teu abrigo, sem ser percebida.
Entro no teu quarto, imaginariamente,
para segurar tuas mãos, enquanto dormes.

... E quando de mim, não restar mais nada
e já me encontrar no plano do descanso,
fixe o olhar na terra que me abriga,
que me verás atenta e condoída,
 a velar por ti, por entre as flores mortas!
(Autora: Mazé)

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