UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O Verbo Amar



Te amei: - era de longe que eu te olhava
  e de longe me olhavas vagamente... 
 Ah, quanta coisa nesse tempo a gente sente,
 que a alma da gente faz escrava...  

Te amava: - como inquieto adolescente, 
 tremendo ao te enlaçar... ardente
E te enlaçava adivinhando esse mistério
 do mundo, em cada beijo que te dava!

Te amo: - e ao te amar assim vou conjungando
os tempos todos desse amor, enquanto
segue a vida, vivendo... e eu, vou te amando...

Te amar é mais que um verbo, é a minha lei:
- e é por ti que o repito no meu canto:
te amei, te amava, te amo e te amarei!

(Autor: J.G. de Araújo Jorge)

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