UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 29 de maio de 2012

Poema do Desencontro

Fomos o sol e a lua,
Fomos a noite e o dia.
Fomos treva e claridade,
Fomos pranto e alegria
Fomos riso e fomos mágoa,
Fomos sonho e realidade,
- Fomos como o azeite e a água
Que não se pode juntar!

Fomos terra, fomos mar,
Calmarias e procelas,
Duas linhas paralelas
Que seguindo lado a lado
Não se podem encontrar...
Em comum,
Dois corações que se tornaram só um
Por um amor condenado
Que nas sombras se perdeu...
E assim, neste mundo atroz,
Fomos sempre "tu" e "eu"
E nunca seremos "nós" !

(Autora: Maria José Aranha de Rezende)

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