UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 1 de agosto de 2009

Há momentos na vida ...


Há momentos na vida em que somos pássaros.
Queremos voar, mas nossas asas são curtas e não nos permitem chegar além do horizonte.
O que podemos está sempre além do que desejamos.
Há momentos na vida em que temos longas asas, podemos alçar extensos vôos, mas nossos limites são determinados pelo peso das bagagens que a vida nos dá.
São malas como o bom senso, juízo, medo.
Há os que se livram dese peso, e conseguem voar muito alto.
Alguns atingem destinos fantásticos, outros conhecem o sabor do desastre.
Mas há momentos na vida em que deixamos de voar.
É quando nos tornamos árvores, quando nos percebemos enraizados à terra.
Não nos damos conta desta mudança, que nos tira as asas e nos empresta galhos e ramos como árvore, podemos crescer para cima - na busca do sol e da luz -, e para baixo, à cata de alimentos e energia.
Os dois movimentos se completam, um não é possível sem o outro.
Enquanto crescemos, podemos servir de pouso para os pássaros ...
Mas quando deixamos de procurar a luz, ou desistimos de cavar em busca de energia, paramos de crescer. Não há árvores assim.
As árvores perseguem seu destino que é crescer e se alimentar, assim como há pássaros que só buscam voar.
Saber o momento do vôo, ou o instante de se enraizar, é a grande sabedoria humana.
Se você é pássaro, voe em busca de seu sonho.
Se você se descobriu árvore, cresça o mais alto que puder, e deixe a terra cuidar de suas sementes.

(Autor Desconhecido)

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