UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

LIVRO: Casório?!


Category: Books
Genre: Literature & Fiction
Author: Marian Keyes

"Lucy nem ao menos tem namorado (para falar com franqueza, ela nem tem assim tanta sorte no amor). Mas a senhora Nolan jogou o tarô e previu que Lucy estará entrando na igreja, a caminho do altar, dentro de um ano. As amiga que dividem o apartamento com Lucy ficaram estarrecidas com a notícia. Se ela for embora, isso vai acabar ponto fim ao seu maravilhoso estilo de vida, que consiste em comer quentinhas, beber muito vinho, levar rapazes para o apartamento e jamais fazer uma faxina na casa. Mas Lucy as tranqüiliza, dizendo que anda ocupada demais brigando com a mãe e se preocupando com o irresponsável do pai para pensar em se casar. E há um pequeno problema: não existe nenhum namorado na jogada. Entretanto, Lucy conhece Gus, o lindo e nada confiável Gus, e começa a se perguntar: será que ele poderá ser o futuro Senhor Lucy Sullivan?Ou quem sabe Chuck, o americano bonitão? Ou Daniel, o maior paquerador do mundo? Ou quem sabe Jed, o novo rapaz que foi trabalhar na firma?"

Para quem estava acompanhando a minha leitura, eu finalmente acabei! Acabei com essa alegria toda... porque infelizmente o livro não foi o que eu esperava. Com tantos comentários positivos, acreditei que iria me divertir mais. Porém, surpreendi-me pensando na vida, pensando nos relacionamentos pessoais e em tantas outras fases da vida pelas quais passa a pobre Lucy. O tarô pouco tem a ver com o livro, só nas primeiras 100 páginas, já que a Lucy logo encontra o lunático Gus e resolve parar de procurar um marido melhor. Ela prefere se iludir com um cara bêbado, desempregado, mentiroso, louco de pedra. Tudo isso, é modificado ao estilo Lucy: ele é alegre, faz bicos como músico, embora ela nunca tenha visto ele tocar, é rebelde e filósofo. O livro se arrasta muito no relacionamento turbulento entre os dois, deixando de lado as situações que realmente me agradaram: o trabalho da Lucy, sua família desajustada e a amizade com o Daniel. Tudo isso é desprezado em função do parasita Gus e seus altos e baixos.

Lucy é depressiva, tem baixa auto-estima, adora ser vítima, falseia a realidade a seu modo, e é um tanto sonsa. E não consegue fazer piada de si mesma, como é comum nas chicklits. Mas, como ela mesmo diz, para justificar a imensidão de confusões onde se mete, ela é generosa e altruísta, sempre querendo ver o melhor em todo mundo. Isso mostra que ela podia ser qualquer uma de nós. Desesperada por amor, por atenção, sentindo-se feia, deslocada, invisível, sem grana, sem amigos e cheia de culpas... Todo mundo passa por situações assim.

As partes do livros que mais gostei foram os confrontos de Lucy com suas idéias mal concebidas, e as descobertas do real e verdadeiro na vida dela. O pai, a mãe, os amigos, o amor. Pena que tais momentos foram mais no final do livro. A redenção da Lucy até justifica a grande espera de 450 páginas. Valeu a pena vê-la se entender, modificar-se, desabrochar, liberar a raiva, o amor e, finalmente, amadurecer.

Esse não é meu preferido da Marian Keyes, mas vale a leitura.

Sobre Lucy:

"Passei uns dois dias tentando descobrir por que eu gostava dos caras que não eram bons para mim. Por que eu não conseguia gostar dos que eram? Será que eu ia sempre desprezar todos os homens que me tratassem bem? Será que era o meu destino querer apenas os homens que não me quisessem? ... Foi quando eu entendi que a a frase "mulher gosta de apanhar" já rolava há centenas de anos, e então relaxei - afinal, não fui eu que fiz as regras."

Sobre Gus:

" - Ele malha? – perguntou Dennis, com esperança.

- Eu diria que não. – Fiquei triste por desapontar Dennis, mas não podia mentir para ele. De qualquer forma, ele ia acabar descobrindo quando conhecer Gus.

- Então isso quer dizer que ele bebe pra caramba?

- Quer dizer que ele é uma criatura festiva.

- Entendi. Ele bebe pra caramba.

- Ai, Dennis, deixe de ser tão negativo! – Olhei rápido para o alto, desesperada. – Espere só até conhecê-lo, você vai adorá-lo. Sério. Ele é maravilhoso, muito engraçado, charmoso, inteligente, legal e, juro por Deus, muito sexy. Pode ser que ele não seja o seu tipo, mas acho que ele é perfeito!

- Então vamos lá... o que há de errado?

- Como assim?- Bem, sempre tem alguma coisa de errado, não tem?

- Pare com isso! – reagi. – Sei que não tenho tido muita sorte com homens, mas...

- Eu não disse que há sempre algo de errado com os seus homens – suspirou ele.

– O problema é com todos os homens. Ninguém sabe disso melhor do que eu.

- Dennis – disse eu. – Não creio que haja algo de errado com ele.

- Pois confie em mim – afirmou ele -, sempre tem algo de errado. Ele é rico?

- Não.

- Ele é, basicamente, pobre?

- Bem, ele está no auxílio-desemprego...

- Ah, Lucy, outra vez? Por que você sempre arruma esses mendigos que usam aquelas roupas horríveis?"

Cenas imperdíveis:
* A cartomante
* Lucy e Daniel no restaurante russo
* Meredia escolhendo currículos
* A mãe contando a novidade
* O pai sendo ele mesmo
* Lucy e Daniel no restaurante novo
* A nova Lucy e Gus

Ah, e o final...

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