UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Um amor quando vai de despedindo...



Um amor quando vai se despedindo...
vai lentamente,
vai sozinho,
vai chorando,
lotado de interrogações,
querendo ficar,
querendo lutar!

Um amor, quando vai se despedindo,
cansou de esperar,
de ficar observando a rua,
pela janela da esperança.
Gotas de lágrimas ficaram na vidraça.
A vida está embaçada,
ficou vivendo de saudades.

Um amor, quando vai se despedindo,
vai se arrastando,
exausto de aguardar,
que viesses,
que tivesses tempo.
Queria que todos os dias fossem regados
com afeto,
com carinho,
com dedicação,
com tempo!

Quando um amor vai se despedindo,
foi esgotando a paciência da espera,
do justificar atitudes,
do tudo mais ter importância menos o amor.
O mundo tem mais importância
O amor é estação!


Quando um amor vai se despedindo,
vai sumindo mansamente:
sabor amargo da desilusão,
gosto de fel na alma,
cheiro de poeira na estrada.
Vai saindo como fumaça sem vento,
rasgado fronteiras,
sozinho se vai,
calmo, desolado, sem rumo e lento.

Quando um amor vai se despedindo,
cansou de ouvir mentiras,
ser enganado,
não aguarda, nem sonha mais:
milagres não crê

Quando um amor vai despedindo,
a pessoa amada
já não marca ponto
não faz mais gol,
nem estando na área do pênalti,
ausência quase que total.
Repentinamente um dia
a amada sozinha lembra
que tinha um amor.
Retorna disfarçada, contando novidades,
fingindo saudades.
Sabe que o amor que deixou
ali ainda está esperando
de corpo presente.
O amor sorri tímido sabendo,
triste, que sepultado será.
Nas fábulas não acredita

Quando o amor vai se despedindo
os olhos ficam marejados,
a voz engasgada,
as mãos trêmulas e frias,
as pernas não o sustenta,
o olhar triste se perde no vazio.
Ferida sangrando no coração,
a alma adoecida.
O tudo, agora é nada

Quando um amor vai se despedindo,
leva consigo as acusações da pessoa amada,
que não soube esperar,
que não teve paciência,
que exigia demais,
que não amou o suficiente,
que não era amor!

Quando um amor vai se despedindo,
leva consigo todos os sonhos.
Esperança de um novo amor,
que lhe dê o mínimo,
que um amor precisa para vivo se manter!

Quando um amor vai se despedindo
faz curativo de amador.
Coloca gaze e esparadrapo para não ir sangrando.
Estanca tudo.
Afirma a si mesmo, até breve não existe!
Logo mais nos veremos, acabou!

Quando um amor vai se despedindo,
o que eterniza é tão somente...

ADEUS!

(Autor Desconhecido)

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