UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 23 de agosto de 2009

Grande Homem


O grande homem é silenciosamente bom...


É genial
- mas não exibe gênio...

É poderoso
- mas não ostenta poder...


Socorre a todos
- sem precipitação...

É puro
- mas não vocifera contra os impuros...

Adora o que é sagrado
- mas sem fanatismo...


Carrega fardos pesados
- com leveza e sem gemido...

Domina
- mas sem insolência...

É humilde
- mas sem servilismo...

Fala a grandes distâncias
- mas sem gritar...

Ama
- sem se oferecer...

Faz bem a todos
- antes que se perceba...

Rasga caminhos novos
- sem esmagar ninguém...

Abre largos espaços
- sem arrombar portas...

Entra no coração humano
- sem saber como...

É como o Sol...
poderoso para sustentar
um sistema planetário e,
delicado para beijar uma pétala de flor...

Rasga caminhos novos
- sem esmagar ninguém...

Assim é, e assim age o homem
verdadeiramente grande
- porque é instrumento.

(Autor Desconhecido)

Nenhum comentário: