UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Origem da palavra SINCERA

Sincera é uma palavra doce e confiável.
Sincera é uma palavra que acolhe.
E essa uma é palavra que deveria estar no vocabulário de toda alma.
Sincera foi uma palavra inventada pelos romanos.
Sincero vem do velho, do velhíssimo latim...
Eis a poética viagem que fez sincero de Roma até aqui:
Os romanos fabricavam certos vasos de uma cera especial.
Essa cera era, às vezes, tão pura e perfeita que os vasos se tornavam transparentes.
Em alguns casos, chegava-se a se distinguir um objeto-um colar, uma pulseira ou um dado-que estivesse colocado no interior do vaso.
Para o vaso, assim fino e límpido, dizia o romano vaidoso:
- Como é lindo... parece até que não tem cera!
- "Sine-cera" queria dizer:
- "sem cera", uma qualidade de vaso perfeito, finíssimo, delicado, que deixava ver através de suas paredes.
Da antiga cerâmica romana, o vocábulo passou a ter um significado muito mais elevado.
Sincero é aquele que é franco, leal, verdadeiro, que não oculta, que não usa disfarces, malícias ou dissimulações.
O sincero, à semelhança do vaso, deixa ver, através de suas palavras, os nobres sentimentos de seu coração.

(Autor: Malba Tahan)

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