UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Vento



Serei o vento que passa,
que fica e te leva sem asas.
Serei o vento que uiva
em árvores choronas,
choram suas folhas, balançando
com a chuva ,que depois as abandonam
Serei o vento que sopra na direção dos campos
cobrindo-te com seu manto de flores singelas,
flores de laranjeira, brancas e amarelas.
Serei o vento que apavora na aurora de um
amanhecer,
a tempestade que passa e deixa rastros.
Serei o sereno, o vento sem rumo
no prumo de um veleiro à mercê.
Eu me tornarei o vento .
Tocando-te os cabelos.
Beijando-te a face.
Entregando-te meu pensamento.
Serei como o vento...

(Autora: Leni Martins)

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