UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Eu quero...

Eu quero um colo,
um berço,
um braço quente
em torno ao meu pescoço,
uma voz que cante baixo
e pareça querer me fazer chorar.
Eu quero um calor no inverno,
um extravio morno
de minha consciência
e depois sem som,
um sonho calmo,
um espaço enorme,
como a lua rodando
entre as estrelas.

(Autor: Fernando Pessoa)

Nenhum comentário: