UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 28 de fevereiro de 2010

LIVRO: Homens de Cinza


Category: Books
Genre: Literature & Fiction
Author: Gabriel Chalita

Sinopse: Nesta coletânea de contos, o homem é desnudado, revelado e observado em suas emoções. Em todas as situações, sob os mais diversos aspectos, Gabriel Chalita faz um mergulho de maneira ora intimista, ora fugaz. A presença do cinza é permanente na vida de cada um dos personagens: o cinza que embrutece os sentimentos, que desmancha teias, que desfaz a paixão, que carrega para além das emoções rasteiras. Homens de Cinza é um livro que instiga o leitor a compreender as peculiaridades e a grandeza da natureza masculina. Cada ser é único e, talvez por isso, surpreendente.

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Teodolino, Jorge, Tadeu, Germano, Lourival... Desconfiança e amor caminham juntos. Segredos e descasos se encontram. Paixão e remorso são quase sinônimos. Raiva e esperança sobrevivem no mundo cinza em que vivem os personagens deste livro. Poucas vezes se viu uma cor, como elemento de ligação entre os mais diversos tipos de sentimento, ser utilizada de maneira tão assertiva. Poucas vezes o cinza enegreceu a alma, clareou o céu, incandesceu paixões. Não há tantos sinônimos para cinza nem tantas gamas de cinza, mas os homens aqui retratados percorrem todas as tonalidades, com suas lamúrias e seu destino. São homens que podem ter passado pela vida de cada um de nós, aqueles que, na mesmice da desilusão, nos fazem acreditar que nada muda. E Gabriel Chalita constrói com sensibilidade e delicadeza a vida de cada um dos personagens – de tristeza agridoce e ternura contida, numa cordialidade seca e desapontada –, conduzindo-os pelas finas malhas da escrita, revelando-os ora com beleza poética, ora com crueza dolorida. São os homens de cinza que vão povoar o pensamento de todos os que lerem esta coletânea de 20 contos, e são eles mesmos que parecem estar à espreita em cada um dos homens com quem convivemos todos os dias. Não há como negar: o cinza da possibilidade existe. E o autor nos atiça a enxergar por quê. O resto é cinza, como deveria ser!

Nesta coletânea de contos, Gabriel Chalita nos apresenta o universo masculino, em que nos revela sentimentos, emoções a partir de observações de seu comportamento. Neste blog, tivemos um post maravilhoso de nossa amiga Driza, que fez suas considerações sobre o livro Mulheres de Água, coletânea em que o autor mergulha no universo feminino.

Gabriel Chalita em Homens de Cinza nos traz vinte historietas, em que cada personagem tem algo de cinza. Estes homens estão tentando encontrar motivos para viver. Personagens que nos mostram as peculiaridades, as emoções e o homem nas mais diversas situações como a obsessão, o medo do fracasso, a busca pelo amor e pelo sucesso.

Concordo plenamente com a Driza, quando diz que ficou impressionada com a riqueza das descrições e com o conteúdo farto em vocábulos e locuções. E quero destacar o jogo de palavras que dá sempre aos textos com histórias bem “cinzentas” um toque de humor, o que torna agradabilíssima a leitura.

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