UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 2 de agosto de 2009

O Tempo de Deus

"Tudo tem o seu tempo determinado,
e há tempo para todo propósito
debaixo do céu:
tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de arrancar
o que se plantou;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derribar
e tempo de edificar;
tempo de chorar e tempo de rir;
tempo de prantear e tempo
de saltar de alegria;
tempo de espalhar pedras
e tempo de ajuntar pedras;
tempo de abraçar
e tempo de afastar-se de abraçar;
tempo de buscar e tempo de perder;
tempo de guardar e tempo de lançar fora;
tempo de rasgar e tempo de coser;
tempo de estar calado e tempo de falar;
tempo de amar e tempo de aborrecer;
tempo de guerra e tempo de paz.(...)
Tudo fez Deus formoso no seu
devido tempo;
também pós a eternidade no coração
do homem,
sem que este possa descobrir as obras
que Deus fez desde
o princípio até ao fim."

(Autor: Eclesiastes 3.1-11)

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