UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Recomeçar


Prontos para fazer novo começo
assim como o bom dia novamente

sai do sol sem a névoa, seu avesso,
busquemos claridades displicentes.

O teu mundo não é maior que o meu
nem o meu choro é pouco do teu muito;
a pedra que me cabe nesse intuito
também te servirá no apogeu.
 
Todas as paixões passam num circuito
do Malecón de Cuba ao coliseu
no bem viver da vida e o seu minuto

O recomeço pousa nas pegadas
no desafio de verbo fortuito
de ressaltar as sombras salteadas.

(Autor: Aníbal Beça)

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