UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Fuga do Mundo



Quero chegar ao sem limite
Para regressar a mim,
Já estão em flor os narcisos-do-outono...
Tarde de mais, quem sabe... regressar
Ah, morro no meio de vós
Os que convosco me sufocais.
Queria tecer uma teia de fios a envolver-me
Pôr fim à confusão,
Confundindo,
E fugir
Para dentro de mim.

(Autora: Else Lasker-Schüler)

Nenhum comentário: