UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 30 de setembro de 2012

Retalhos


Te amo infinitamente...
  Estarei contigo até que
  não mais ouça tuas juras de amor...
 
Mas um dia,
  Dirás que não me amas mais,
 
Eu sei...
  Mas digas apenas que não...
  Não me venha com senão,
  Ou talvez com então,
 
Não!
  Não quero retalhos...
Quero tudo, o melhor...
  Os retalhos; fique para você
Se não a tenho por completo.
 
Não quero tua amizade...
Não me queira mal...

Minha essência não vem do lodo,
Vem de dentro de mim
E, para mim, quero o melhor!
 
Retalhos...
Quem dera....
Quem deseja?
Eu não!
Obrigado!
 
Volto pela mesma porta...
Não guardo mágoas...
Nem ressentimentos...
Mais uma lição...
Mais uma desilusão...
Mais uma emoção...

(Autor: Eduardo Baqueiro)

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