Eu não sei quem Tu és. Mas sei que Tu existes,
e sei que és Tu que acendes as estrelas lá no Alto,
e o lume, às vezes, da alegria na pobreza
dos meus olhos tristes.
dos meus olhos tristes.
Eu não Te vejo, eu não Te falo,
senão no silêncio secular
senão no silêncio secular
das noites insones e profundas,
em que meu corpo se apaga,
em que meu corpo se apaga,
e minha alma é uma chama inquieta a crepitar...
Eu Te quero e Te temo, pávido,
esquivo e ansioso... E pela vida inteira,
se Te fujo - olhos sem luz para não ver-Te,
ouvidos surdos para não Te ouvir sinto o
Teu esplendor doer na minha tórpida cegueira,
e ouço o rumor augural dos remos
do Teu barco, lento e lento
do Teu barco, lento e lento
a ferir, com seu ritmo de Absoluto,
a água noturna do meu pensamento...
(Autor: Abgar Renault)
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