UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Canção dos Amigos



Vocês, meus amigos desconhecidos,
Que quase todo dia, nesta tela aportam,
Trazendo belezas que me abrem portas,
Para Deus, em louvor agradecido,

Da vida, vocês fizeram-se o meu sentido.
Da poeta, vocês fizeram-se a inspiração.
E vou seguindo nestes versos comovidos,
Escritos com a alma, em silente oração.

Eu não os conheço, tampouco vocês a mim.
Mas quando o amor e a ternura vertem assim,
O que importa o mútuo conhecimento?

Estamos irmanados num mesmo fim,
De chegar aos corações, com perfume de jasmim,
E soprar a voz de Deus, como sopram a brisa e o vento.

(Autora: Fátima Irene Pinto)

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