UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 26 de julho de 2011

26 de Julho - Dia da Morte de João Pessoa

Sobrinho do ex-presidente da República Epitácio Pessoa, graduou-se como bacharel em Direito na Faculdade de Direito de Recife em 1904. Passou algum tempo de sua vida nos estados do Rio de Janeiro e do Pará. Foi Ministro civil do Superior Tribunal Militar, do qual aposentou para se candidatar a Presidente do estado da Paraíba. Negou o seu apoio ao candidato oficial à presidência da República Júlio Prestes, em 29 de julho de 1929. Mais tarde compôs com Getúlio Vargas a chapa de oposição à presidência da República para as eleições de 1º de março de 1930. Quando ainda presidente do estado da Paraíba e já candidato a vice-presidente, foi assassinado, em Recife, por João Duarte Dantas, seu adversário político, jornalista, cuja residência fora invadida por elementos da polícia, supostamente a mando de João Pessoa, que culminou com a publicação nos jornais da capital do estado, de cartas íntimas trocadas com a professora Anaíde Beiriz. Em seu governo (1928-1930) promoveu uma reforma na estrutura político-administrativa do estado e, para enfrentar as dificuldades financeiras, instituiu a tributação sobre o comércio realizado entre o interior paraibano e o porto de Recife, até então livre de impostos. Essa medida contribuiu para o saneamento financeiro do estado, mas gerou grande descontentamento entre os fazendeiros do interior, como o coronel José Pereira Lima, chefe político do município de São José de Princesa e com forte influência sobre a política estadual (João Dantas era seu aliado). O seu legado histórico desperta certa polêmica. Os defensores de João Pessoa alegam que ele foi um combatente das oligarquias locais e se contrapunha a interesses de grupos tradicionais, embora ele mesmo proviesse de família de oligarcas. A cidade de João Pessoa é assim denominada em sua memória. Antes chamada Paraíba mesmo nome do Estado a capital teve o seu nome alterado, logo após o assassínio de João Pessoa, episódio considerado o estopim da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. Naquele período, foram perseguidos e mortos muitos opositores do grupo político de que Pessoa fazia parte. O momento de exceção em que se deu a homenagem, entre outras razões, justificaria, segundo alguns pessoenses, a discussão sobre uma nova alteração na denominação da cidade.Segue abaixo o telegrama do "NEGO".
"Paraíba, 29-julho-1929

Deputado Tavares Cavalcanti:

Reunido o diretório do partido, sob minha presidência política, resolveu unanimemente não apoiar a candidatura do eminente Sr. Júlio Prestes à sucessão presidencial da República. Peço comunicar essa solução ao líder da Maioria, em resposta à sua consulta sobre a atitude da Paraíba.
Queira transmitir aos demais membros da bancada essa deliberação do Partido, que conto, todos apoiarão, com a solidariedade sempre assegurada.

Saudações:
João Pessoa, Presidente do Estado da Paraíba."

(Fonte: zumptv.blogspot.com)

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