UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Poema à Toa



Não amo a cor dos olhos,
amo o olhar

Não amo a brancura dos dentes,
amo o sorriso

Não amo o contorno dos lábios,
amo o beijo

Não amo o formato dos braços,
amo o abraço

Não amo o alongado dos dedos,
amo a carícia

Não amo as curvas das pernas,
amo o andar

Não amo o volume dos seios,
amo o aconchego

E que bom não seja isto uma escultura,
seja apenas um poema à-toa
Porque não amo um corpo,
amo uma pessoa.

(Autor: Moacyr Sacramento)

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