UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 24 de julho de 2011

Liberte sua Alma



Não se prenda à beleza das formas efêmeras.
A flor passa breve.
Não amontoe preciosidades que pesem na balança do mundo.
As correntes de ouro prendem tanto quanto as algemas de bronze.
Não se escravize às opiniões da leviandade ou da ignorância.
Incitatus, o cavalo de Calígula, podia comer num balde 
enfeitado de pérolas, mas não deixava, por isso, de ser um cavalo.
Não alimente a avidez da posse.
A casa dos numismatas vive repleta de moedas 
que serviram a milhões e cujos donos desapareceram.
Não perca sua independência construtiva a troco 
de considerações humanas.
A armadilha que pune o animal criminoso é igual à 
que surpreende o canário negligente.
Não acredite no elogio que empresta a você qualidades imaginárias.
Vespas cruéis por vezes se escondem no cálice do lírio.
Não se aflija pela aquisição de vantagens imediatas 
na experiência terrestre.
Os museus permanecem abarrotados de mantos de reis
e de outros "cadáveres de vantagens mortas".

(Autor: André Luiz  - Psicografado por Francisco Cândido Xavier)

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