UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 24 de julho de 2011

Amor


A doação de quem ama
é um sol que se irradia.
O amor que pede retribuições
é egoísmo.
O amor que exige pagamento
é avareza.
O amor que busca reconhecimento
é vaidade.
O amor que recebe para dar
é usura.
O amor que calcula o resultado
é interesse.
O amor que tem medo do mundo
é covardia.
O amor que ordena e impõe
é tirania.
O amor que sente ciúme
é mesquinhez.
O amor que mede o que dá
é cobiça.
O amor que espera receber
é ambição.
Amor para ser amor tem que dar-se,
sem nada pedir...
assim como o Sol.

(Autor: C. Torres Pastorino)

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