UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 26 de julho de 2011

26 de Julho de 2011 - 81 anos da morte de João Pessoa e a Revolução de 30



No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa foi assassinado por João Dantas na Confeitaria Glória, na cidade de Recife (PE), por questões de ordem pessoal e também por questões políticas. A morte de João Pessoa foi o estopim para um movimento armado que mudou a estrutura política nacional, gerando o episódio que ficou conhecido como Revolução de 30.

Com o assassinato de João Pessoa iniciou-se um movimento armado no país contra a posse do presidente eleito, que terminou com a deposição em 24 de outubro de 1930, do presidente Washington Luís e a subida ao poder de Getúlio Vargas. Terminava assim a República Velha e iniciava-se a chamada Era Vargas.

Sobrinho do ex-presidente da República Epitácio Pessoa, graduou-se como bacharel em Direito na Faculdade de Direito do Recife em 1904. Nessa mesma turma se formou Clodomir Cardoso ( 1879-1953), jurista e político maranhense. Passou algum tempo de sua vida nos estados do Rio de Janeiro e do Pará.

Foi Ministro civil do Superior Tribunal Militar, do qual aposentou para se candidatar a Presidente do estado da Paraíba.
Negou o seu apoio ao candidato oficial à presidência da República Júlio Prestes, em 29 de julho de 1929. Mais tarde compôs com Getúlio Vargas a chapa de oposição à presidência da República para as eleições de 1º de março de 1930.

Quando ainda presidente do estado da Paraíba e já candidato a vice-presidente da República, foi assassinado, no centro do Recife, na Rua Nova, precisamente na Confeitaria Glória, por João Duarte Dantas, seu adversário político, jornalista, cuja residência fora invadida por elementos da polícia, supostamente a mando de João Pessoa, que culminou com a publicação nos jornais da capital do estado de cartas íntimas trocadas com a professora Anaíde Beiriz.

Em seu governo (1928-1930) promoveu uma reforma na estrutura político-administrativa do estado e, para enfrentar as dificuldades financeiras, instituiu a tributação sobre o comércio realizado entre o interior paraibano e o porto de Recife, até então livre de impostos. Essa medida contribuiu para o saneamento financeiro do estado, mas gerou grande descontentamento entre os fazendeiros do interior, como o coronel José Pereira Lima, chefe político do município de Princesa, na Paraíba, e com forte influência sobre a política estadual (João Dantas era seu aliado).

O seu legado histórico desperta certa polêmica. Os defensores de João Pessoa alegam que ele foi um combatente das oligarquias locais e se contrapunha a interesses de grupos tradicionais, embora ele mesmo proviesse de família de oligarcas.

A cidade de João Pessoa é assim denominada em sua memória. Antes chamada Paraíba - mesmo nome do Estado - a capital teve o seu nome alterado, logo após o assassínio de João Pessoa, episódio considerado o estopim da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. Naquele período, foram perseguidos e mortos muitos opositores ao grupo político de que Pessoa fazia parte. O momento de exceção em que se deu a homenagem, entre outras razões, justificaria, segundo alguns pessoenses, a discussão sobre uma nova alteração na denominação da cidade.

(Fonte: Edmilson Pereira)

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