UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 17 de julho de 2011

Artífices do Amor

Tu me emprestas as estrelas
que permanecem acesas nos teus olhos
a qualquer hora, e enfeitas com flores
os jardins secretos da minha alma,
pois conservas a primavera,
em qualquer tempo, dentro de ti ...
Tu remendas com lascas de lua a vastidão
do meu céu esfiapado de saudades,
desenhando templos de nuvens para
abrigar a deusa da esperança
que repousa ternamente no teu peito ,
pois aninhas meus desejos na tua alma
e conheces meus segredos como ninguém...
Tu me aqueces com manhãs de sol intenso,
despertando as manhãs com doces beijos,
pois derramas o teu brilho e o teu calor,
desmanchando os temporais,
acalmando os vendavais,
colorindo o arco-íris
que supera as sombras do horizonte,
depois das tempestades...
Tu és o verso que desfaz a dor,
és o carinho que se faz palavra,
és sentimento, és luz, és graça e cor,
és o bálsamo que cura a solidão,
és a voz que fala ao coração,
tu és, poeta, enfim,
o artífice do Amor.

(Autor: Mellís)

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