UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O que mais sofremos

Não é a dificuldade.
É o desânimo em superá-la.

Não é a provocação.
É o desepero diante do sofrimento.

Não é a doença.
É o pavor de recebê-la.

Não é o paciente infeliz.
É a mágoa de tê-lo na equipe familiar.

Não é o fracasso.
É a teimosia de não reconhecer os próprios erros.

Não é a ingratidão.
É a incapacidade de amar sem egoísmo.

Não é a própria pequenez.
É a revolta contra a superioridade dos outros.

Não é a injúria.
É o orgulho ferido.

Não é a tentação.
É a volúpia de experimentar-lhes os alvitres.

Não é a velhice do corpo.
É a paixão pelas aparências.
Como é fácil de perceber, na solução de qualquer problema,
o pior problema é a carga de aflição que criamos,
desenvolvemos e sustentamos contra nós.
(Autor: Espírito: ALBINO TEIXEIRA - Médium: Francisco Cândido Xavier)

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