UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 21 de agosto de 2010

Lua Vermelha

Invade a vida
A lua vermelha
De sangue tingida
Luz difusa
Que reflete em mim
A perda
A vida vazia
Meia luz
Da lua vermelha
Agora alheia
Lua que eu quis
Mortalmente ferida
Verte seu sangue
Banhando minha alma
Manchando meu coração
Despindo a pureza
Arrancando
O que restou em mim
Do que era bem.

(Autora: Beatriz Prestes)

Nenhum comentário: