UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Paz

Querem saber como vivo?
Lhes direi...
Vivo do vento que me mantém lúcido e acordado
para que eu não adormeça na caminhada.
Vivo do mar que me limpa do cansaço da luta
e me recompõe para que eu continue.
Vivo das cores que me ensinam os remédios e os alimentos
para que eu sobreviva forte para trabalhar.
Vivo da riqueza do meu melhor esforço, meu amor.
Planto-o por onde passo,
Não perco nem mesmo a terra de um vaso quebrado,
pois ali a semente germina.
E sou feliz assim.
Sou simples, pois preciso de pouco.
Sou calmo, pois aprendi a esperar.
Tudo vem.
E o campo arado e adubado produz coisas melhores,
que valem a pena ser preservadas.
Falo pouco, pois optei por grandes ocupações,
como um trabalho escolhido de ouvir
e por isso não me sobra tempo para as palavras.
Penso muito, mas corretamente.
Desejo só o necessário, ocupo pouco espaço
e por isso não sofro por possuir.
Sou feliz, sou abençoado, sou reconfortado e apreciado.
Sou aquilo que todos lutam para obter.
Querem saber quem sou eu,
já que sabem como vivo?

SOU A PAZ...

(Autor Desconhecido)

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