UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu posso

Ser muito carinhosa ou muito grossa,
dependendo de você.
Eu posso ser muito paciente
e me irritar com facilidade.
Eu posso amar uma coisa
e mesmo assim não querer.
Eu posso lutar por qualquer coisa
e de uma hora para outra achar
que não merece o meu esforço.
Eu posso me apaixonar da primeira vez
que vejo alguém como também
posso não gostar sem motivo.
Eu posso amar minha vida
e de uma hora para outra perguntar:
"Por que eu vivo?"
Eu posso amar preto
e escolher o branco.
Eu posso achar errado
e amanhã fazer a mesma coisa.
Eu posso ser compreensiva
e ao mesmo tempo teimosa.
Eu posso achar que sei tudo
sabendo que não sei nada.
Eu posso saber que não posso
e mesmo assim fazer.
Eu posso jogar tudo para o alto
e começar tudo de novo por nada.

(Autor Desconhecido)

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