UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 7 de agosto de 2010

Baú

Eu descobri um baú de infinidades
cheio de cartas, amores, desamores,
esperanças, dúvidas...
E outros mil sonhos e desencantos...
Todos os dias abro-o por curiosidade...
Às vezes, quando penso que já não há
mais nada, abro novamente e me deparo
com criaturas vivas, cheias de palavras,
laços, embaraços inconscientes,
espelhos e almas tocantes...
O baú da minha alma.
Fonte inesgotável...
Mas o que eu não havia percebido é que,
sem querer, todos os dias, coloco coisas
novas nele...
Renovo-o! Agora entendi o porquê da
sua infinidade...
Repleto de pensamentos e sentimentos...
Uma verdadeira contemplação!

(Autor Desconhecido)

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