UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Poção das Bruxas



Não vacilem e nem demorem
desçam rápido nos seus porões
se precisar ajoelhem e orem
mas achem logo seus caldeirões

Vamos fazer aquelas poções
remédios que ninguém rejeita
usem logo suas imaginações
se vocês esqueceram a receita

Ponham um naco de sinceridade
um pouco do mel de cada voz
acrescentem muita caridade
é o macete do mágico de oz

Não se esqueçam do naco de amor
juntando com muita simpatia
algumas pétalas de sua flor
e afastem-se do pote da ironia

No final dessa gostosa receita
acrescentem uma boa gargalhada
e não há alguém que rejeita
a tomar um gole da caldeirada

Basta um pouco dessa poção
para acabar com a mentira
amaciar qualquer coração
findar todas provas da ira
Então mãos a obra bruxas minhas
façam as suas misturas de amor
usem até as uvas de suas vinhas
mas retirem do mundo toda a dor

(Autor: Bill Shalders)

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