UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Centelhas de Amor



Raios de emoção invadem-me a alma!
Escrevo versos recheados de amor.
Do filho, ouço a voz que ecoa no espaço,
Querendo um abraço para acalmar a dor.
 
Da criança, vejo o sorriso que domina.
E do velho, descubro o eterno segredo
De amar. Enquanto, da pedra filosofal,
Guardo a beleza triunfal com desvelo!...
 
Por uma paixão, quase me desespero!
Sinto aquela tristeza que não se aquieta.
E, no túmulo que se abriu pela maldade,
A mão covarde estraçalha a flor dileta.
 
Resisti à dor da mais triste tormenta...
E só, num barquinho, flutuei sem remo.
À tempestade do amor consegui vencer;
E guardar das centelhas, o fulgor extremo.
 
Do cerrado, sempre serei a pequenina flor!
Mas que o vento deixou no meio do mar...
Viverei da saudade, nesta ilha de encantos;
E, de tantos amigos hei de me lembrar.

(Autora: Maria da Luz)

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