UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A Janela e o Mar



Quando surge a noite amiga e o céu muda de cor
Sinto que a vida é mais bela, quando se tem um amor.
Abro então minha janela que fica de frente para o mar
Respiro o perfume da noite e deixo entrar o luar.

Esqueço toda tristeza, que um dia alguém me deixou.
De sonhos e falsas promessas que o tempo e o vento levou.
Ao longe um farol ilumina os barcos a navegar
Raios de luz vão beijando as claras espumas do mar.

As ondas envolvem os rochedos com fúria de uma paixão
E apagam as marcas da areia, seus castelos e ilusão.
Meu olhar entristecido se perde na amplidão
Sinto o perfume da noite e acalmo o coração.

O vento sopra mansinho acariciando as dunas ao luar
Dourados dançam um bailado querendo me encantar.
Vejo o céu tão límpido que penso em estrelas alcançar
Navios levam lembranças deixando a saudade ficar.

A noite passa depressa fazendo promessa de logo voltar
Estrelas se despedindo, a lua sorrindo, o sol vai chegar.
Novo cenário surgindo, o azul do infinito se espelha no mar
Natureza tão bela, que da minha janela, não canso de amar.

(Autor: Falcão S. R.)

Nenhum comentário: