UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Poema de Milarepa



A pintura dourada se desbota com o tempo,
as lindas flores do campo logo fenecem,
os pálidos raios da lua logo se devanecem,
o rio caudaloso dilui-se no mar,
o arroz que cresce no vale logo é colhido,
o filho querido cresce e logo se vai para sempre.

Isto mostra a transitoriedade de todas as coisas.
Isto prova a impermanência de todas as coisas.
Pense e você tomará consciência.

Estas são as comparações que canto,
espero que você se recorde sempre.
Preocupações e sofrimento sempre existirão,
então deixe-os de lado,
e viva segundo esta grande consciência.

(Autor: Jetsun Milarepa)

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