UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 2 de junho de 2012

Tempo do Esquecimento



Houve um tempo:
Que tudo fiz para estar ao teu lado;
Que toda música lembrava você;
Que estavas em primeiríssimo lugar,
Depois vinha o resto;
Que tudo parecia um sonho lindo
E interminável!

Houve um tempo:
Que começaram os sofrimentos;
As lágrimas passaram a não serem
Mais de alegria;
As muitas decepções mudaram
Todo o sentimento,
Ate chegar o esquecimento!

Este tempo é o que vivencio agora!

(Autor: Edmundo de Souza)

Nenhum comentário: