UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 30 de junho de 2012

Ser Poeta



Ser poeta é ter em si o sol resplandecente
A aurora, o crepúsculo e a noite enluarada

A montanha, o mar, a chuva, a estrela cadente
E a tudo isso amar com a alma apaixonada.

É viver cheio de fé e mil sonhos de esplendores
Cultivar a fantasia nas sementes da fria realidade
Ter o perfume do jasmim e as asas dos condores
No mundo ver belezas e de tudo ter saudade.

É olhar para o horizonte e acreditar no infinito
Descrever lindas manhãs e também tardes sombrias
Embelecer esses contrastes com seu estro, 

com seu grito.

E quando se apaixona é um oceano imenso de ternura
Colocando sua musa em suas noites e seus dias
Em constante desejar... e exaltar – lhe a formosura.

(Autor: Newton Fernandes)

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