UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 30 de junho de 2012

Alguém Sabe


Você sabe como é
Estar tão só
Que a escuridão e a luz
Se misturam?
Onde as orações caem
No silêncio -

E a ausência de resposta
Penetra sua alma.
Em meio a uma multidão,
Mas completamente sozinho.
Num mundo frio
Que reclama você
Mas depois o empurra
No momento em que você vira as costas.
Onde ninguém entende
O seu passado.

Quando as risadas cortam sua pele
E pregam sua dor na madeira crua.
Quando lágrimas salgadas caem
Para curar a Terra quebrada.
Um amor quebrantado.
Você sabe como é isto?
Alguém sabe.

(Autora: Nina Koolik)

Nenhum comentário: