UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 26 de junho de 2012

Tambor



tudo
principia
com um som
um estampido
que arromba
um domingo
de chumbo
no mundo
eco de trombeta
fundo
sem assombro 

vislumbre
de sombra
na penumbra
por si já
abumbrosa
tudo começa
tudo sucumbe
com um som
de tambor
ou texto
truncado


(Autor: Fabrício Marques)

Nenhum comentário: