UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Na vida



-Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e
não fala com quem não conhece.

-Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

- Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o escuro ao invés do claro e os pingos nos "is"
a um redemoinho de emoções, exatamente a que resgata
o brilho nos olhos, o sorriso nos lábios e coração ao tropeços.

- Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto, para ir atrás de um sonho.

- Morre lentamente quem não se permite,
pelo menos uma vez na vida, ouvir conselhos sensatos.

- Morre lentamente quem não viaja, não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.



- Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte,
ou da chuva incessante.

- Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.

- Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
nunca pergunta sobre um assunto que desconhece
e nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe.

 - Evitemos a morte em suaves porções, recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior do que o simples ar que respiramos.

- Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira FELICIDADE.


(Autor: Pablo Neruda)

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