UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Porta



Se você abre uma porta, você pode 

ou não entrar em uma nova sala.
Você pode não entrar e ficar observando a vida.
Mas se você vence a dúvida, o medo e entra,
você dá um grande passo: nesta sala vive-se.
Mas, também, tem um preço ...
São inúmeras outras portas que você descobre.
À s vezes, quebra-se a cara, 

às vezes curte-se mil e uma.
O grande segredo é saber quando 

e qual a porta que se deve ser aberta.
A vida não é rigorosa.

 Ela propicia erros e acertos.
Os erros podem ser transformados em acertos
quando com eles se aprende.
Não existe a segurança do acerto eterno.
A vida é generosa.
A cada sala que se vive,

 descobrem-se tantas outras portas!
E a vida enriquece quem se arrisca a abrir novas portas.
Ela privilegia quem descobre seus segredos
e generosamente oferece afortunadas portas.
Mas a vida também pode ser dura e severa.
Se você não ultrapassar a porta,
você terá sempre a mesma porta pela frente.
É a repetição perante a criação,
é a monotonia monocromática perante 

a multiplicidade das cores,
é a estagnação da vida...
Para a vida, as portas não são obstáculos,
mas diferentes passagens...

(Autor: Içami Tiba)

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