UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

sábado, 2 de junho de 2012

Inverno de Amor

Renunciar a tudo que me destes
Seria morar num jardim sem flor
Viver o inverno sem nenhuma veste
Fingir que em min'alma não há amor


Esquecer o tudo que me fostes
Seria renunciar nossos momentos
Como se nada os momentos fossem
Lançar uma vida ao esquecimento
Vem! Que em nosso jardim ainda há flor
Há colibris tudo a fecundar
E muitas cores a nos enternecer

Vou! Que em minh'alma inda há amor
Nossos momentos não irão terminar
E nosso inverno raios de sol irá aquecer

(Autor: Antonio Sergio Néspoli)

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