UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

terça-feira, 5 de julho de 2011

Os Desejos do Amor


O amor não tem outro desejo senão
o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amar é precisar ter desejos,
sejam estes os vossos desejos:
De se diluir no amor e ser como um riacho que
canta a sua melodia para a noite...
De conhecer a dor de sentir ternura de mais...
De se ferir por vossa própria
compreensão do amor...
De sangrar de bom grado e com alegria...
De despertar na aurora com o coração alado e agradecer por um novo dia de amor...
De descansar ao meio-dia
e meditar sobre o êxtase do amor...
De tornar à casa de noite, com gratidão...
E de adormecer com uma prece no coração,
para o ser bem amado, 
e nos lábios uma canção de bem aventurança...

(Autor: Gibran Khalil Gibran)

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