UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

domingo, 3 de julho de 2011

No justo momento



No justo momento em que:
o fracasso lhe atropele o carro da esperança;
o apoio habitual lhe falte à existência;
a ventania da advertência lhe açoite o Espírito;
a aflição se lhe intrometa nos passos;
a tristeza lhe empane os horizontes;
a solidão lhe venha fazer companhia;
no momento justo, enfim, em que a crise ou a
angústia, a sombra ou a tribulação se lhe
façam mais difíceis de suportar, não chore
e nem esmoreça.

A água pura a fim de manter-se pura é
servida em taça vazia.

A treva da meia-noite é a ocasião em que o tempo
dá sinal de partida para nova alvorada.

Por maior a dificuldade, jamais desanime.

O seu pior momento na vida é sempre o
instante de melhorar.

(Autor Desconhecido)

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