UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

quarta-feira, 13 de abril de 2011

As Quatro Estações da Vida

Você já notou a perfeição que existe na natureza? 
Uma prova incontestável da harmonia que rege a Criação. 
Como num poema cósmico, 
Deus rima a vida humana com o ritmo dos Mundos.

Ao nascermos, é a primavera que eclode 
em seus perfumes e cores. 
Tudo é festa. 
A pele é viçosa. 
Cabelos e olhos brilham, o sorriso é fácil. 
Tudo traduz esperança e alegria.

Delicada primavera, como as crianças 
que encantam os nossos olhos com sua graça. 
Nessa época, tudo parece sorrir. 
Nenhuma preocupação perturba a alma.

A juventude corresponde ao auge do verão. 
Estação de calor e beleza, 
abençoada pelas chuvas ocasionais. 
O sol aquece as almas, 
renovam-se as promessas.

Os jovens acreditam que podem todas as coisas, 
que farão revoluções no Mundo, 
que corrigirão todos os erros.

Trazem a alma aquecida pelo entusiasmo. 
São impetuosos, vibrantes. 
Seus impulsos fortes também podem ser passageiros... 
Como as tempestades de verão.

Mas a vida corre célere. 
E um dia – que surpresa – a força do verão já se foi.

Uma olhada ao espelho nos mostra rugas, 
os cabelos que começam a embranquecer, 
mas também aponta a mente 
trabalhada pela maturidade, 
a conquista de uma visão 
mais completa sobre a existência. 
É a chegada do outono.

Nessa estação, a palavra é plenitude. 
Outono remete a uma época de reflexão 
e de profunda beleza. 
Suas paisagens inspiradoras - 
de folhas douradas e céus de cores incríveis – 
traduzem bem esse momento de nossa vida.

No outono da existência 

já não há a ingenuidade infantil 
ou o ímpeto incontido da juventude, 
mas há sabedoria acumulada, experiência 
e muita disposição para viver cada momento, 
aproveitando cada segundo.

Enfim, um dia chega o inverno. 
A mais inquietante das estações. 
Muitos temem o inverno, como temem a velhice. 
É que esquecem a beleza misteriosa 
das paisagens cobertas de neve.

Época de recolhimento? 
Em parte. 
O inverno é também a época 
do compartilhamento de experiências.

Quem disse que a velhice é triste? 
Ela pode ser calorosa e feliz, 
como uma noite de inverno diante da lareira, 
na companhia dos seres amados.

Velhice também pode ser chocolate quente, 
sorrisos gentis, leitura sossegada, 
generosidade com filhos e netos. 
Basta que não se deixe que o frio enregele a alma.

Felizes seremos nós se aproveitarmos 

a beleza de cada estação. 
Da primavera levarmos pela vida inteira 
a espontaneidade e a alegria.

Do verão, a leveza e a força de vontade. 
Do outono, a reflexão. 
Do inverno, a experiência que se 
compartilha com os seres amados.

A mensagem das estações em nossa vida vai além. 
Quando pensar com tristeza na velhice, 
afaste de imediato essa idéia.

Lembre-se que após o inverno surge 

novamente a primavera. 
E tudo recomeça.

Nós também recomeçaremos. 
Nossa trajetória não se resume ao fim do inverno. 
Há outras vidas, com novas estações. 
E todas iniciam pela primavera da idade.

Após a morte, ressurgiremos 

em outros planos da vida. 
E seremos plenos, seremos belos. 
Basta para isso amar. 
Amar muito.

Amar as pessoas, as flores, os bichos, 
os Mundos que giram serenos. 
Amar, enfim, a Criação Divina. 
Amar tanto que a vida se transforme 
numa eterna primavera.

(Fonte: Redação do Momento Espírita)

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