UMA NÉVOA DE OUTONO O AR RARO VELA

Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]

(Autor: Fernando Pessoa)

  

  

 

 


 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Mundo de Mil Cores


 Se eu fosse um pintor
Criava numa tela, um mundo idealizado por mim
Cheio de cor, esperança e nunca sofredor
Transformava zonas de catástrofe em belos jardins.
Colocava o céu num tom de azul claro
Substituindo o negro
Que assombra a vida de muita gente,
Dando-lhes aquilo que apenas habita no seu imaginário
E que nunca conseguem tirar da mente.
O vento seria suave
Para assim ser possível
Apreciar os aromas que se espalham no ar,
Deixá-los penetrarem,
Como se fossem a chave de sentimentos,
Que possibilitem de novo sonhar.
A terra teria a sua cor natural
E sem as imagens de sangue derramado,
Que aumentam cada dia que passa de uma forma brutal,
De mais um coração parado.
Os sorrisos teriam as cores da alegria,
Espalhadas pelos quatro cantos do mundo.
A oposição perfeita ao que se vê nos nossos dias
E como era lindo ver isto tudo...
Nem que fosse por um segundo.

(Autor: João Filipe Ferreira)

Nenhum comentário: